Tecnologia de irrigação anti-geada: proteção nos cultivos durante o inverno
Por Maxwell Soares da Silva, Especialista Agronômico da Netafim
Segundo a ABPM (Associação Brasileira de Produtores de Maçã), os estados de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul são responsáveis por 97% da produção nacional de maçã, tendo como a cidade de São Joaquim conhecida como a capital nacional da maçã, com a indicação geográfica na modalidade denominação de origem para a variedade de maçã Fuji. A nível mundial, o Brasil é um dos 10 maiores produtores da fruta.
Essa relevância torna imprescindível o investimento em tecnologias que contribuam com a sanidade das lavouras e evitem prejuízos causados por eventos climáticos extremos, como a geada, que pode ser altamente danosa, especialmente nas fases iniciais de brotação e floração.
O sistema de irrigação, além de fornecer ao produtor a possibilidade de irrigar e fertirrigar sua área, o auxilia na prevenção aos danos causados pela geada nos períodos mais frios do ano. Durante os meses de junho a agosto, que são os mais frios e de alto risco com geada (Gráfico 1), as partes vegetativas das macieiras, como as gemas, estão expostas e são bastante frágeis, podendo haver danos que comprometam a safra.
A exposição prolongada a temperaturas negativas pode levar à necrose das gemas, abortamento de flores e, em casos mais severos, à perda total da produção. Por isso, adotar soluções eficazes de mitigação climática tem se tornado uma prioridade para os pomares brasileiros.
Como alternativa de prevenção, a Netafim possui o sistema de irrigação anti-geada, que se baseia na liberação de calor latente durante o processo de congelamento da água. Quando a água aplicada sobre as plantas congela, libera calor, o que contribui para manter a temperatura dos tecidos vegetais próxima de 0 °C. Esse mecanismo térmico é capaz de proteger órgãos sensíveis da planta, como flores e brotações, contra temperaturas que poderiam atingir valores negativos e letais.
Além disso, o sistema preserva a fisiologia da planta, permitindo que ela siga seu ciclo produtivo sem interrupções bruscas ou perdas irreversíveis de potencial produtivo.
O sistema de irrigação por aspersão anti-geada é composto pelo aspersor MegaNet da Netafim. Um aspersor tipo pop-up, um mecanismo emergente que protege as partes internas de insetos, e um filtro integral para evitar entupimentos. O aspersor também conta com dois jatos simétricos, proporcionando uma distribuição uniforme da água (Imagem 1).
Sua resistência mecânica e eficiência hidráulica fazem com que seja uma das opções mais seguras para uso contínuo em baixas temperaturas. A qualidade dos materiais garante durabilidade, mesmo em regiões com invernos rigorosos.
Para o sucesso da irrigação anti-geada, é essencial realizar um monitoramento preciso da previsão do tempo, utilizando sensores de temperatura e umidade relativa, além de acompanhar modelos meteorológicos locais. A irrigação deve ser iniciada quando a temperatura atingir valores entre 0,5 °C e 1 °C, ou até 1,5 °C se houver previsão de queda mais acentuada. A interrupção só deve ocorrer quando a temperatura ambiente estiver estabilizada acima de 1 °C, evitando o risco de reincidência da geada.
Esse acompanhamento climatológico e de acionamento automático do sistema de irrigação é possível com o sistema operacional Growsphere Max da Netafim. Com o gerenciamento da irrigação e fertirrigação e os dados da estação meteorológica na plataforma, o produtor tem em mãos informações de temperatura atual e previsão das próximas horas, para poder programar o acionamento do sistema de irrigação.
A plataforma também permite o registro histórico das ocorrências, o que auxilia na construção de estratégias sazonais e tomadas de decisão com base em dados técnicos.
Esse processo é realizado de forma remota, prezando também pela segurança e saúde dos colaboradores, que não necessitam estar no pomar durante o frio intenso. Além do conforto operacional, essa automação representa agilidade, eficiência e tranquilidade para o produtor em momentos críticos.
Ter na propriedade um sistema de tecnologia como este é poder produzir nos mais diferentes climas, relevos e cultivos. É produzir mais com menos. É estar preparado para os desafios climáticos com soluções que integram agronomia, inovação e sustentabilidade.
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