Controle de plantas daninhas desafia canavicultores em meio a mudanças climáticas e pressões regulatórias
No Herbitrine 2025, especialistas discutem caminhos para o manejo sustentável e eficaz da cana-de-açúcar diante da ocorrência de invasoras de difícil controle e condições de campo

A safra de cana-de-açúcar 2025/26 no Brasil é estimada em 668,8 milhões de toneladas, queda de 1,2% em relação ao ciclo anterior, segundo o 2º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicado em agosto de 2025. A produtividade média passa a 75,6 toneladas por hectare, recuo de cerca de 2,1%. As estimativas refletem condições climáticas desfavoráveis nas fases de rebrota e desenvolvimento, com ocorrência de estiagens, incêndios e temperaturas elevadas em importantes polos do Centro-Sul, bem como o difícil manejo das plantas daninhas.
De acordo com Camillo Giachini, engenheiro agrônomo de Desenvolvimento de Mercado da ADAMA, este é um dos principais desafios fitossanitários da canavicultura. “O clima extremo, alternando seca e chuvas concentradas, favorece a ocorrência de espécies de plantas daninhas com alta adaptabilidade e capacidade de disseminação. É o caso da mamona e da mucuna, que voltam a se destacar em áreas de cana e exigem estratégias de manejo mais amplas”, afirma.
Segundo ele, a propagação mecânica das sementes, decorrente do tráfego intenso de máquinas agrícolas, e reaparecimento recorrente das invasoras em áreas já tratadas no solo são fatores que agravam o problema. “Essas plantas emergem em diferentes momentos do ciclo e muitas vezes fora das janelas convencionais de controle, o que requer soluções com inovação de valor, capazes de oferecer residual prolongado, formulações mais sofisticadas e flexibilidade de uso”, explica Giachini.
Durante o Herbitrine 2025, que ocorre nesta semana, a ADAMA apresenta soluções voltadas ao manejo integrado da cana-de-açúcar, com destaque para os herbicidas Arreio® Cana e Jumbo®. O primeiro combina ação em pré e pós-emergência e efeito prolongado sobre o banco de sementes, inibindo a reincidência das invasoras. Já o segundo oferece versatilidade no controle de plantas de folhas largas e estreitas ao longo do ano, adaptando-se a diferentes estágios e condições regionais.
Além dessas tecnologias, a companhia apresenta em seu estande biossoluções, inseticidas e fungicidas, reforçando o conceito de manejo completo — do plantio à colheita. A presença de técnicos e consultores cria um espaço de troca sobre desempenho em campo, sustentabilidade e integração entre pesquisa e prática agrícola.
Giachini destaca que essa aproximação é essencial para o avanço do setor. “A pesquisa continua sendo a base para entender o que realmente acontece nas lavouras. O Herbitrine é um ambiente técnico, que aproxima a ciência do dia a dia do produtor e permite aprimorar as soluções a partir da realidade do campo”, avalia.
Entre as tendências observadas para os próximos anos, ele aponta a pressão crescente por eficiência e sustentabilidade, o uso ampliado de sensores, imagens de satélite e inteligência artificial no diagnóstico de infestações e a adoção de herbicidas com maior seletividade e flexibilidade de aplicação. “O produtor busca previsibilidade e segurança. As decisões precisam ser técnicas, embasadas e adaptáveis às mudanças do clima e do mercado”, conclui o engenheiro agrônomo da ADAMA.