Segurança do crédito agrícola diante do aumento de recuperações judiciais será debatida no 16º Brasil AgrochemShow

Dados recentes do Serasa Experian revelam que o número de pedidos de recuperações judiciais no agronegócio saltou para 1.274 em 2024, mais que o dobro em relação ao ano anterior, que totalizou 534 solicitações. A tendência, segundo o especialista, é que esse número se mantenha elevado em 2025.

“Essa realidade cria um efeito dominó preocupante. Além dos produtores, grandes revendas e distribuidoras de insumos que concederam crédito a prazo não aguentarão o alto índice de inadimplência e podem pedir também recuperação judicial – que se assemelha muito mais à falência”, explica Kaneyuki.

De acordo com o advogado, alguns planos apresentados aos credores propõem prazos de até 20 anos para o pagamento de apenas 20 a 25% das dívidas, o que gera insegurança no ecossistema financeiro que sustenta o agronegócio.

A palestra abordará ainda os impactos da mudança legislativa de 2020, que passou a permitir que produtores rurais, mesmo atuando como pessoa física, possam requerer recuperação judicial — mecanismo até então restrito a empresas.

“O agronegócio continua sendo uma das atividades mais promissoras da economia brasileira, representando mais de 20% do PIB. Mas, diante do novo cenário, é fundamental que a concessão de crédito seja feita com mais prudência, amparada por profissionais habilitados para realizar a análise e a estruturação de documentos que dão lastro ao financiamento”, reforça o advogado.

Com foco na proteção jurídica dos credores, Kaneyuki pretende mostrar caminhos para que o financiamento do agro continue atrativo e seguro, mesmo em um ambiente mais complexo e regulado. “Investir e financiar as atividades do agro ainda é uma excelente oportunidade de negócio, mas é cada vez mais importante que o financiador seja prudente e conceda crédito de forma estratégica”, conclui Adauto.