Indústria de Alagoas pode reduzir captação de mananciais com reúso de efluentes, aponta estudo da CNI, FIEA e governo do estado
Levantamento de acordos o Polo Industrial José Aprígio Vilela e a ETE Teotônio Vilela como casos potenciais de reúso. Em evento de divulgação dos dados, as instituições vão firmar Acordo de Cooperação Técnica
O reúso de efluentes tratados como alternativa sustentável para o abastecimento industrial em Alagoas é o foco de um estudo que será lançado, nesta segunda-feira (17), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) , em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA) e o governo de Alagoas. Com um índice de tratamento de esgoto de apenas 14,8%, Alagoas enfrenta desafios na gestão de recursos hídricos, tornando essencial a busca por soluções sustentáveis.
O estudo R eúso de Efluentes para Abastecimento Industrial: Avaliação da Oferta e da Demanda no Estado de Alagoas mapeou 116 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e negociações oportunidades para conectar essas unidades a indústrias próximas, reduzindo a captação de água dos mananciais e promovendo uma economia circular.
O documento será divulgado em evento no Palácio República dos Palmares, com a participação do ministro dos Transportes, Renan Filho; o presidente da CNI, Ricardo Alban; o presidente da FIEA, José Carlos Lyra de Andrade, além de empresários e representantes de órgãos ambientais e transportadores de saneamento.
Reúso em polos proporcionará mais resiliência hídrica ao estado
Os resultados destacam o Polo Industrial José Aprígio Vilela , em Marechal Deodoro, e a ETE Teotônio Vilela como casos potenciais de reúso no estado. De acordo com o levantamento, a implementação dessas estratégias pode garantir maior resiliência hídrica para as indústrias, reduzir custos operacionais e minimizar impactos ambientais.
O estudo também detalhou o panorama do estado e convenções que, dos 102 municípios alagoanos, 42 estão no semiárido – região que enfrenta problemas específicos de seca e que abriga 30% da população. Embora o déficit hídrico seja mais crítico no semiárido, outras regiões de Alagoas também precisam de estratégias eficazes para garantir a sustentabilidade do abastecimento de água.
“A escassez de água é uma realidade em diversas regiões do país, e a indústria precisa ser protagonista na busca por alternativas sustentáveis. O reúso de efluentes não só é viável, como pode transformar a maneira como os recursos hídricos são gerenciados em Alagoas, fortalecendo o desenvolvimento econômico e a resiliência hídrica do estado”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Além da apresentação do levantamento, será assinado um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a CNI, a Fiea e o governo de Alagoas para compartilhar informações com o objetivo de atualizar, em tempo real, os dados usados no estudo e, assim, permitir que ações na região sejam amparadas, de forma precisa, a partir do mapeamento apresentado nesta segunda.
Oportunidades e desafios para a indústria
A pesquisa usou duas metodologias para mapear a probabilidade do reúso de efluentes em Alagoas:
- Análise ETE-Usuário: identificar a proximidade entre Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e indústrias potenciais usuárias de água de reúso, considerando volume disponível e demanda industrial.
- Índice de Aptidão de Reúso (IAR): avalia o potencial de diferentes regiões para a implementação de projetos de reúso com base em critérios como demanda hídrica, volume de efluentes gerados e equilíbrio hídrico.
Os resultados apontam que a adoção de água de reúso pode reduzir significativamente a pressão sobre os mananciais do estado, promovendo uma abordagem mais sustentável para a gestão da água.
“O reúso de efluentes representa uma oportunidade concreta para a indústria adotar um modelo produtivo mais sustentável. Este estudo nos mostra que Alagoas tem condições de implementação de soluções inovadoras que garantem segurança hídrica e competitividade para o setor produtivo”, destacou o presidente da FIEA, José Carlos Lyra de Andrade.
Parceria entre setor produtivo e governo visa fortalecer a segurança hídrica
O estudo faz parte de uma série de iniciativas da CNI para fomentar a segurança hídrica no país, e já foi aplicado em outros estados como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em Alagoas, uma pesquisa contornou o envolvimento da FIEA, da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do estado e de todas as operadoras locais de saneamento (Casal, Águas do Sertão, BRK, Sanama e Verde Alagoas).