COP 30 marca protagonismo dos países emergentes na agenda climática, diz Izabella Teixeira
Ex-ministra reivindica mudanças na política nacional de meio ambiente, em conferência internacional sobre Amazônia, realizada às vésperas da COP30.

A ex-ministra do Meio Ambiente e integrante do Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas (ONU), Izabella Teixeira, afirma que a agenda climática “deixou de ser um problema do futuro e passou a ser uma questão do presente”. Para ela, a COP30 (conferência da ONU sobre mudança climática) representa um marco para a diplomacia ambiental, ao consolidar uma etapa voltada à implementação de compromissos climáticos:
- “O Brasil é um ator estratégico, um player essencial no campo dos minerais e das energias renováveis. A COP30 inaugura um momento, em que os países emergentes terão papel decisivo na agenda global (…) Essa COP está voltada para esses países que podem prover soluções, no curto prazo”. A cúpula da ONU será realizada em Belém, em novembro deste ano.
Segundo Izabella Teixeira, os países emergentes, como o Brasil, têm abundância de recursos naturais, fontes de energia renovável e regiões como a Amazônia, vitais para o equilíbrio climático. A Indonésia é outro exemplo mencionado por ela.
- “Países que lideravam esta agenda há 10 anos, não lideram mais. Perdemos a liderança global, nos EUA, na Europa. E esta agenda está mudando para os países emergentes, que têm riquezas naturais e recursos minerais e materiais”, diz.
A ex-ministra participou de um talk-show, na noite desta 5ª feira (30/10), primeiro dia da 3ª edição da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, realizada em Salvador (BA), no Centro de Convenções Salvador. O evento acontece até o dia 31. O debate “Diálogo da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias” foi moderado por Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e contou com a participação do ex-ministro da Fazenda e diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy, e do presidente e CEO do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), Rohitesh Dhawan. O talk-show pode ser assistido no Youtube, a partir de 1h do vídeo.
Minerais são ativos estratégicos para superar desafio climático
Entre os recursos naturais relevantes para superar o desafio da crise climática mundial estão os minerais críticos, ressalta Izabella Teixeira.
- “A equação de soluções para questões climáticas passa pela indústria digital tecnológica, pela IA (inteligência artificial), por novos modelos de negócios, pela mudança no comércio internacional e a construção das soluções, desde a matriz energética (mais limpa) até questões envolvendo agricultura (segurança alimentar), (insumos para) a indústria etc., está absolutamente dependente dos recursos naturais e dos recursos materiais e dos minerais”, diz.
Ela diz que o mundo vive uma nova era, “a chamada Mining Age (Era da Mineração). A discussão é se vamos caminhar por quanto tempo na Fossil Age (Era dos Combustíveis Fósseis) mais a Mining Age ou se vamos acelerar uma substituição (da Fossil Age) tendo a mineração como a grande aliada das energias renováveis”. E nesse quesito, o Brasil também tem destaque, já que, segundo Izabella, o país é um dos eixos estratégicos do mundo em mineração.
Izabella: Brasil bem alinhado para lidar com desafio das questões climáticas
A ex-ministra do Meio Ambiente diz que o Brasil “está bem alinhado para lidar com o desafio das questões climáticas”, mas para isso se tornar realidade precisa cumprir tarefas, como combater com mais efetividade o desmatamento. Sobre esse tema, ela frisa que uma questão importante “é o estoque de recursos naturais. Quem restaura florestas está acumulando água, ‘rios voadores’ e no subterrâneo, e isso é ativo importante para o poder político e econômico”.
‘Rios voadores” são correntes de vapor d’água que se formam sobre a Floresta Amazônica e viajam pela atmosfera, transportando grandes volumes de umidade para outras regiões do continente, como o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, além de partes da Argentina, Bolívia e Paraguai.
Izabella Teixeira considera que para o Brasil ter projeção na agenda climática, o país “precisa ter o futuro como aliado”, mas ela condiciona este cenário a uma mudança na política governamental:
- “(Faço) Um pedido como ex-ministra do Meio Ambiente: vamos mudar a política nacional de meio ambiente do Brasil. Ela dialoga com o passado, ela precisa ser uma aliada do futuro”.






