Setor mineral mostra caminhos para uma economia mais verde em evento paralelo à COP30

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) teve participação de destaque no evento “Sustainable Mining | Resourcing the Future”, realizado em Belém (PA), como parte da programação paralela da COP30 – Diálogos Minerais. O encontro reuniu representantes de empresas do setor mineral e especialistas em sustentabilidade para discutir os caminhos da mineração rumo a um futuro de baixo carbono e socialmente responsável.
Durante sua apresentação, Cláudia Salles, gerente de Sustentabilidade do IBRAM, destacou os objetivos estratégicos que orientam a atuação do Instituto e de suas associadas, estruturados em quatro pilares fundamentais.
O primeiro compromisso está relacionado à energia, com a meta de ampliar em 15% a participação de fontes renováveis na matriz energética do setor mineral até 2030, contribuindo para uma mineração de baixo carbono. O segundo pilar, voltado à natureza positiva, prevê um ganho líquido de 10% em biodiversidade até 2030, a partir do aumento do saldo positivo entre áreas protegidas e aquelas impactadas pelas operações minerárias.
Já o terceiro compromisso aborda a gestão da água, com o objetivo de reduzir em 10% o uso específico de água nova na mineração (m³/ROM) até 2030, promovendo maior eficiência hídrica e diminuindo a pressão sobre os recursos naturais. Por fim, Cláudia Salles apresentou o quarto pilar que trata da adaptação às mudanças climáticas, com a meta de fomentar a elaboração de 30 planos municipais de adaptação em territórios com presença de mineração até 2030.
Em sua participação, Cláudia Salles reforçou a relevância da mineração para a transição energética e destacou a importância do Brasil se posicionar como protagonista nessa agenda global durante a COP30. Segundo ela, o país possui ampla geodiversidade, legislação ambiental avançada, uma democracia consolidada e uma matriz energética limpa, o que lhe confere papel estratégico em termos de soberania nacional, segurança climática e segurança alimentar. “A ideia é consolidar essa estratégia e avançar efetivamente rumo à transformação necessária, garantindo que cada setor contribua de forma concreta para os objetivos da COP30”, afirmou.
IBRAM apresenta compromissos e jornada de descarbonização para superar questão climática
O texto do IBRAM situa a discussão no contexto da transição energética global e do papel dos minerais críticos e estratégicos. A COP30, em Belém, aparece como oportunidade para o Brasil exercer protagonismo, combinando oferta mineral com governança, justiça climática e diplomacia de cadeias de valor mais resilientes.
Os compromissos do setor, com indicadores e meta para 2030
Cada compromisso do setor mineral dialoga com metas do Plano Clima e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):
- Energia: Ampliar em 15% a participação de fontes renováveis na matriz energética do setor mineral até 2030. Indicador: razão entre consumo de energia renovável e consumo total. Linha de base 2023: 149 milhões de gigajoules (GJ) renováveis sobre 331 milhões de GJ totais, razão próxima de 0,45. Meta 2030: 0,49.
- Natureza positiva: Alcançar ganho líquido de biodiversidade de 10% até 2030. Indicador: razão entre áreas protegidas e áreas impactadas. Linha de base 2023: 1.092 mil ha protegidos e 112,3 mil ha impactados, razão 10,28. Meta 2030: 11,8.
- Água: Reduzir em 10% o uso específico de água nova por tonelada de run-of-mine (ROM), material bruto extraído. Indicador: m³ de água nova por tonelada processada. Linha de base 2023: uso de água nova de 171,1 milhões de m³ para 561,6 milhões de t de ROM, razão 0,305. Meta 2030: 0,237.
- Adaptação: Fomentar a elaboração de 30 planos municipais de adaptação às mudanças do clima em territórios com mineração até 2030, com seleção de municípios por critérios de Índice de Progresso Social e maturidade de defesa civil. Indicadores: número de planos elaborados e de municípios que implementam as ações.
A jornada de descarbonização do setor mineral
O material descreve uma trajetória em três frentes complementares. Ele se alinha a diretrizes do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM):
- Redução direta das emissões na mineração com substituição de combustíveis, eletrificação, power-to-X, ganhos de eficiência, expansão de renováveis e uso sustentável da terra para neutralizar remanescentes. Power-to-X significa transformar eletricidade, preferencialmente renovável, em outro produto energético ou químico. O potencial de abatimento direto chega a 90–95% até 2050, com cortes de 40–50% até 2035 em cenário coordenado. Aqui, explicito a métrica: dióxido de carbono equivalente (CO₂e).
- Contribuição para descarbonizar a cadeia global do minério de ferro. O documento quantifica reduções de 85 a 95 milhões de toneladas de CO₂e até 2050 por meio de insumos de baixo carbono para a siderurgia, colaboração na navegação, descarbonização de pelotização e ganhos logísticos na ferrovia.
- Viabilização da transição energética global por meio de minerais críticos e estratégicos, com leitura de demanda e capacidade de oferta brasileira até 2050 em cadeias como solar, eólica, baterias e armazenamento. Exige infraestrutura, regulação, financiamento e acordos de mercado.
O debate na EY House, em Belém, foi moderado por Elanne Almeida, Líder Global de Sustentabilidade para Mineração & Metais da EY, e contou com a participação de Rodrigo Lauria, diretor de Mudanças Climáticas & Carbono da Vale, Gustavo Giovanni Ribeiro Abdo, líder de Produtos e Processos ESG da CBMM, Lígia Pinto, Vice-Presidente da Sigma Lithium.
Participação do IBRAM na COP30
O IBRAM agradece às empresas do setor mineral que apoiam sua presença na COP30. São elas: Alcoa; Anglo American; AngloGold Ashanti; BHP; CBA; CBMM; COPELMI; Kinross; Mineração Taboca; Mosaic; Norsky Hydro; Samarco; Vale.






