Vinícius Gianasi
Eduardo Martinez
O Brasil tem alcançado altas médias de produtividades de soja nos últimos anos devido ao grande avanço do melhoramento genético e também à melhor utilização de tecnologias no campo. Neste cenário, iniciar o manejo fitossanitário cada vez mais cedo é essencial para obter altas produtividades.
Uma grande mudança observada foi que as variedades de soja com hábito de crescimento determinado foram perdendo espaço para as variedades com hábito indeterminado. A principal mudança está no estágio da floração que inicia no terço inferior onde originam seus primeiros legumes. Na fase seguinte, a planta ainda continua em seu processo de vegetação. Este local, popularmente chamado de “baixeiro ou terço inferior” é onde se encontra atualmente a maior quantidade de vagens. Já nas variedades de hábito de crescimento determinado, onde primeiro acontece a vegetação e depois ocorre o início do florescimento, a planta cresce pouco e não mais se ramifica. Suas maiores quantidades de vagens se concentram no terço superior das plantas.
Se o hábito de crescimento da soja mudou, o manejo de doenças precisa acompanhar este processo evolutivo com olhar mais crítico para o terço inferior. Além das já conhecidas doenças, como Mancha alvo e Ferrugem, a expansão de outras como Septoria glycines (Mancha parda), Cercospora kikuchii (Crestamento de cercospora) e Colletotrichum dematium (Antracnose) provocam desfolha das plantas e fazem com que o ciclo da cultura seja antecipado em até 25 dias, levando assim ao menor enchimento de grãos. O processo pode reduzir a produtividade da lavoura em mais de 30% em relação a uma planta sadia.
Grande parte da ineficiência do controle dessas doenças está no tratamento e no posicionamento tardio das aplicações com fungicidas. Considerando que essas doenças podem causar infestações no início do ciclo vegetativo da soja, a preocupação deve ser iniciada desde as primeiras aplicações, que deverão ter foco em manchas e nas doenças citadas para redução de inoculo.
Como dito anteriormente, nas cultivares atuais, a carga produtiva está localizada na maioria das vezes no terço inferior da planta. Por isso é muito importante proteger as folhas do baixeiro para que elas se mantenham ativas na planta pelo maior tempo possível.
Quando nos referimos à recomendação da primeira aplicação de fungicida, para o controle destas doenças, nos referimos ao número máximo de 6 trifólios (V6). Para garantir máxima proteção na fase vegetativa da soja, o fungicida precisa atingir do primeiro trifólio (V1) até o sexto trifólio (V6).
Quando as aplicações de fungicidas são realizadas no estádio vegetativo, as plantas apresentaram menor severidade de doenças e, consequentemente, teremos menor desfolha precoce do terço inferior, contribuindo para um melhor enchimento de grãos e manutenção do potencial produtivo da cultura.
No Brasil, os índices de adoção da aplicação precoce ainda são baixos. Os agricultores preferem esperar até o estágio V8 a V10 para realizarem a aplicação. Neste momento, o espaçamento entre linhas é praticamente zero, limitando o depósito das gotas nas folhas inferiores, onde as doenças estão evoluindo. Este fator contribui para redução da eficácia dos fungicidas e aumenta a expansão destas novas doenças nas regiões produtoras de soja no Brasil.
Pesquisas realizadas pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Forcelini (Professor Titular da Universidade de Passo Fundo/RS) mostram que independentemente dos cultivares de soja com hábito de crescimento indeterminado, legumes e grãos do terço inferior respondem significativamente em peso quando adotadas aplicações de fungicidas no período vegetativo pensando em proteger o terço mais importante das plantas.
As linhas azuis no gráfico representam produtividade do terço inferior e as linhas vermelhas a produtividade do terço superior. Quando nos referimos ao terço inferior da planta estamos falando em no máximo seis, também conhecido como vegetativo 6 (V6).
Todas as mudanças que vem ocorrendo ao longo do tempo nos causam enorme confusão, pois as doenças já conhecidas como de fim de ciclo estão aparecendo cada vez mais precocemente e a Ferrugem, que até então era frequente no início da safra, agora tem aparecido no fim do ciclo. Desta forma, é preciso muito mais atenção no monitoramento. Observe constantemente sua lavoura e utilize produtos eficazes e de amplo espectro de controle.
Além da proteção precoce, é preciso preparar a planta para altas produtividades e o uso de bioestimulantes tem mostrado resultados consistentes. Há no mercado produtos de alta tecnologia, que ativam o sistema de defesa natural das plantas, promovem o balanço hormonal e aumentam a produtividade por meio do aumento do sistema radicular, do melhor pegamento de flores, vagens e frutos. Além disso, também estimulam processos naturais que incrementam respostas a estresses abióticos.
É importante ressaltar que iniciar o tratamento mais cedo não significa, necessariamente, acabar mais cedo. É preciso cuidar da soja constantemente para obter resultados consistentes de produtividade.
Eduardo Henrique Martinez possui graduação em Agronomia pela Universidade do Oeste Paulista (2010) e trabalha como Engenheiro Agrônomo de Desenvolvimento de Mercado na ADAMA Brasil.
Vinícius Gianasi tem bacharelado em Engenharia Agronômica pelo IFMG – Instituto Federal de Minas Gerais (2013) e trabalha como Engenheiro Agrônomo de Desenvolvimento de Mercado na ADAMA Brasil.
(Fonte:Assessoria de imprensa)