Diversidade e inclusão é um movimento cultural, afirma Paula Araújo, da New Holland

Diversidade e inclusão é um movimento cultural, afirma Paula Araújo, da New Holland

Diversidade e inclusão é um movimento cultural, afirma Paula Araújo, da New Holland
Paula Araújo, Head da New Holland Construction South America

A participação feminina nas lideranças do setor de equipamentos pesados de construção está crescendo e uma das expoentes disso é Paula Araújo, Head da New Holland Construction South America na CNH Industrial. Não por menos, a executiva é uma das palestrantes da seção de congresso Paving Woman, realizada durante a Paving Expo 2022.

Nesta entrevista exclusiva, ela conta o movimento cultural para o avanço das mulheres no C-level neste setor, e mostra como isso está integrado aos conceitos mais amplos do ESG (de ambiental, social e governança). Acompanhe.

Como você avalia a diversidade de gênero no setor de equipamentos e infraestrutura no Brasil?

Paula Araújo – A diversidade de gênero é fundamental para o desenvolvimento de qualquer setor e não é diferente no de equipamentos fora de estrada e de construção, onde a mulher tem ocupado cada vez mais postos. Estima-se que nos últimos anos a participação feminina cresceu 50% na construção civil e isso é resultado de uma série de ações responsáveis nesse sentido. Uma delas é o Juntas para Construir, lançado pela New Holland para inclusão feminina na construção civil, com programas de capacitação técnica de operadoras de equipamentos.

E na alta liderança, como você avalia a inclusão feminina no mercado?

Paula Araújo – No Grupo CNH Industrial [do qual a New Holland Construction faz parte junto com a CASE Construction Equipment, New Holland Agriculture, Case IH e Banco CNH Industrial ] a questão da diversidade é bem enraizada, começando pelo exemplo da nossa chairwoman (presidente) global, Suzanne Heywood. Aqui na América do Sul tenho o privilégio de liderar as operações da New Holland Construction também. Mas friso que isso não é algo que se conquista do dia para a noite. É um processo cultural, que buscamos alcançar trabalhando em todas as dimensões de gênero, raça, credo e idade.
Eu fui convidada para palestrar na seção de congresso Paving Woman, onde estarei com outras lideranças femininas C-Level para mostrar que essa representatividade tem, de fato, aumentado no mercado, apesar do grande desafio que ainda temos de vencer a respeito.

Voltando ao Grupo CNH Industrial: há metas claras de inclusão de gênero?

Paula Araújo – Sim. Até o final deste ano de 2022, ao menos 25% das novas contratações devem ser de mulheres. Olhando para as metas estratégicas nos últimos anos, houve aumento de 50% no quadro de colaboradoras de 2020 para cá e é importante frisar que isso não é visto como uma cota, mas sim como um trabalho de apoio para que essas mulheres tivessem condição profissional de assumir os postos. Isso se dá com programas de mentoria feminina, muito focado em mapeamento de setores e oportunidades. Novamente, fica claro que se trata de um processo cultural, em busca de maior equilíbrio para o setor de construção, que ainda é majoritariamente masculino.

A diversidade é um dos pilares sociais dentro do ESG. Como a New Holland tem tratado as demais frentes da sigla?

Paula Araújo – Estamos alinhados às agendas da ONU para 2030, com a definição de algumas prioridades. Sabemos que as empresas querem atuar de forma robusta e responsável perante a sociedade, e precisamos gerar essa cadeia sustentável de valor com a agenda ESG para isso.

Atendemos todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), com destaque para os ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis) e ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima). Os demais ODS também são observados, vide o ODS 10 (Redução das Desigualdades), sobre o qual tratamos há pouco.

No âmbito da redução da pegada de carbono, que se enquadra no ODS 13, temos trabalhado desde a fábrica até a operação e segurança do equipamento em campo. Neste ano, por exemplo, passamos a ter oficialmente compromissos com as comunidades ao redor das plantas de produção, focando na promoção da educação, da arte, esporte, cultura e saúde (isso se enquadra no ODS 4, Educação de Qualidade). A planta de Contagem (MG) tem 100% de reaproveitamento da água utilizada e trata 100% dos resíduos que gera. Também tivemos Centro de Distribuição de Peças de Sorocaba (SP), como o primeiro prédio do país certificado pela ISO 18000, pelos aspectos green building.

Já em termos de governança, somos listados na Bolsa de Valores de Nova Iorque, fato que por si só contempla os mais altos índices de exigência em governança.

Pode dar mais detalhes sobre as metas na pegada de carbono?

Paula Araújo – A nossa meta é de ser carbono zero até 2050, em linha com que as principais companhias mundiais se comprometeram na COP-26. E vamos fazer isso com critérios de sustentabilidade e reciclabilidade. Atualmente, 25% do nosso portfólio de equipamentos já vem como motor a gás natural e já reduzimos em 20% as emissões de CO2 – incluindo na otimização de peças sobressalentes para os equipamentos – nos últimos anos.
Na cadeia de fornecimento, já contamos com 80% da eletricidade usada na produção de equipamentos oriunda de fontes renováveis e 100% dos fornecedores de nível 1 estão envolvidos em um processo de auto-avaliação de sustentabilidade.

A eletrificação dos equipamentos também está nesse rol de ações?

Paula Araújo – Certamente. Temos uma agenda dedicada à eletrificação e ao maior desenvolvimento de equipamentos híbridos, justamente para continuar a redução da pegada de carbono da fábrica, até a logística e o uso final do equipamento para usar os recursos integralmente e pelo menor tempo possível, favorecendo a economia circular.

Isso tudo compõe uma agenda de processos globais, que envolvem inovações constantes. Aliás, é bom frisar que as inovações não são só os processos digitais, como às vezes as pessoas costumam acreditar. A inovação também está em soluções para limitação de consumo, uso responsável dos insumos, desenvolvimento de novas propulsões para os equipamentos, etc.

Sobre o último aspecto, de desenvolvimento de novas propulsões, a New Holland tem projetos para uso de hidrogênio verde?

Paula Araújo – Sim. Temos 30 centros de pesquisa e desenvolvimento no mundo e temos um comitê de inovação – que também está ligado à questão ambiental – onde as soluções para o hidrogênio verde têm sido desenvolvidas.

Na questão de novos combustíveis, lançamos em 2017 a linha Zeus, com motorização 100% elétrica. Também tivemos o trator movido a metano, que está primeiro sendo comercializado através da divisão agrícola da New Holland.

Esses avanços demandam investimentos. Como a New Holland equalizou isso no Brasil, principalmente durante o período de recessão dos últimos anos?

Paula Araújo – Os investimentos do grupo CNH Industrial são sempre visando o longo prazo. A New Holland foi uma das primeiras fábricas de equipamentos de construção instalada no Brasil, há 72 anos e o nosso plano de expansão nunca foi pautado pelo cenário econômico momentâneo. O Brasil tem um gargalo histórico de infraestrutura e isso é sempre um motivador para os nossos investimentos. Prova disso é que no período recente de maior retração da economia, que afetou muito o setor da construção – principalmente entre 2015 e 2018 – a planta e Contagem (MG) recebeu mais de 10 milhões de dólares de investimentos em expansão da linha de produção e foi a única planta da América Latina a receber esse tipo de aporte. Isso, agora, está nos suportando a novos desenvolvimentos. Somente neste ano estamos lançando três produtos, sem contar

Desenvolvimento de novos parceiros e temos aí fazendo algumas modificações de produtos mundiais, só neste ano estamos fazendo lançamento de três produtos, incluindo as minicarregadeiras, que são importadas. Aliás, vale lembrar que todas as minicarregadeiras, de todos os fabricantes, são importadas no Brasil, pois ainda não há volume que justifique a produção nacional.

Quais linhas de equipamentos têm se destacado nacionalmente?

Paula Araújo – Historicamente, as retroescavadeiras são as mais vendidas, mas temos visto movimento a favor das minicarregadeiras e, principalmente, das escavadeiras hidráulicas. Nesse sentido, a linha de produção de escavadeiras da New Holland foi reestabelecida na fábrica de Contagem, em uma joint venture com a Sumitomo.

Agora em junho acontece a Paving Expo, onde a New Holland vai expor. Há novidades para esse mercado?

Paula Araújo – Sim. Estamos lançando o primeiro rolo compactador para o Brasil. É um equipamento do range de 10 t, uma faixa que atende 70% da demanda do mercado de pavimentação atualmente. Esse equipamento passou pela “tropicalização” necessária, com ajustes ergonômicos e de desempenho, conforme estamos demonstrando em primeira mão na Paving Expo 2022. Ele já está sendo vendido, com ótima aceitação.

Outro lançamento é da nova linha de motoniveladoras, que foi apresentada durante a Agrishow e que começa a ser comercializada no terceiro trimestre.

Qual é a sua expectativa para a Paving Expo?

Paula Araújo – A expectativa é alta em relação ao relacionamento com o setor de pavimentação. Atuamos historicamente nesse setor, assim como na mineração, como equipamentos mais de apoio, usados mais na preparação, Agora, tirando a parte de pavimentação em concreto, entramos de vez no setor de pavimentação, com o lançamento do rolo compactador.

Um dos valores da New Holland é a proximidade com o cliente e o usuário final de infraestrutura. Então, feiras como a Paving Expo são muito importantes para nós e prova disso é que, além dos clientes brasileiros, estamos trazendo uma comitiva de clientes da Argentina, com concessionários do Chile também.

 

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