Operação evita mais de 150 mil litros de defensivos ilegais no campo
Grupo recuperou mais de 30 mil embalagens irregulares que seriam usadas para armazenar e vender produtos falsificados
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público Estadual de São Paulo (MPSP) e a Polícia Militar (PM) cumpriram mandados de busca e apreensão em Franca (SP) contra uma quadrilha especializada na falsificação de defensivos agrícolas. A operação aconteceu nessa terça-feira (8) e resultou na maior apreensão de embalagens falsificadas de agrotóxicos no estado de São Paulo nos últimos anos. A ação integra uma força-tarefa que atua no enfrentamento sistemático a organizações criminosas especializadas na falsificação e adulteração de insumos agrícolas.
“Essa ação pontual diz respeito a uma investigação de um grupo específico da organização criminosa, que é o núcleo gráfico, responsável por falsificar e adulterar galões e tampas (de embalagens de agrotóxicos) e fornecer essas embalagens falsas para que outras frentes prosseguissem com a adulteração. Por isso foi encontrada essa grande quantidade de produtos, o que demonstra que, se essa estrutura criminosa continuasse agindo com essa quantidade de insumos à sua disposição, com certeza haveria grande prejuízo aos produtores, consumidores e ao meio ambiente”, pontuou o promotor de justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) núcleo Franca/SP, Adriano Mellega.
Nos locais vistoriados, foram encontrados equipamentos utilizados na falsificação e mais de 30 mil embalagens irregulares. Ao todo, as garrafas apreendidas poderiam comportar até 155.535 litros de defensivos agrícolas falsificados. Após a operação, os materiais foram encaminhados para perícia da Polícia Científica, que realiza a vistoria dos insumos apreendidos.
“O volume de material apreendido demonstra o tamanho do comércio de defensivos agrícolas ilegais no Brasil. É preciso compreender que a utilização de insumos agrícolas falsificados ameaça a produção agrícola, o meio ambiente e a saúde humana. Esse caso também exemplifica a importância da destinação correta de embalagens vazias de defensivos químicos. Retornar essas embalagens ao órgão competente pela destinação final é uma maneira de colaborar com o combate a esse comércio ilegal. Um exemplo simples de boas práticas agrícolas que preza não só pela qualidade da lavoura, mas também pelo comércio legal”, comentou o gerente de Combate a Insumos Agrícolas Ilegais da CropLife Brasil, Nilto Mendes.
Materiais apreendidos
Durante a operação, o Gaeco encontrou e reteve:
- 10.164 garrafas de 1 litro
- 3.888 galões de 2 litros
- 9.339 galões de 5 litros
- 4.830 galões de 10 litros
- 2.130 galões de 20 litros
Essas embalagens serviriam para armazenar e comercializar defensivos agrícolas falsificados.
Dimensão do mercado ilegal no Brasil
O Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF) estima que os ilegais representam 25% do mercado total de defensivos químicos no país (US$ 60 bi/ano). Entre 2018 e 2020, houve prejuízo de R$ 214 milhões em cargas roubadas. Além das perdas econômicas, o uso de insumos não registrados compromete a eficácia agronômica, aumenta a resistência de pragas e expõe trabalhadores rurais, consumidores e o meio ambiente a riscos graves — incluindo contaminação de água e solo, e intoxicações, pois não passam por avaliações da ANVISA, IBAMA ou Ministério da Agricultura e Pecuária.
Atuação coordenada
O combate à ilegalidade exige a atuação coordenada entre órgãos públicos e setor privado. Nesse sentido, a CropLife Brasil e a Universidade de São Paulo (USP) lançaram, recentemente, a terceira edição do curso de combate ao comércio ilegal de insumos agrícolas. A iniciativa tem como objetivo capacitar profissionais da cadeia produtiva, ampliar a conscientização sobre os riscos associados ao uso de produtos falsificados e fortalecer a colaboração entre diferentes setores para coibir práticas criminosas no campo.