A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo desenvolve, há mais de um século, trabalhos relacionados ao café, produto que ocupa o quinto lugar no valor da produção agropecuária do Estado. Os trabalhos com a cultura passam por toda a cadeia de produção, se iniciando nos laboratórios científicos e campos experimentais até chegar na xícara do consumidor. Neste Dia Nacional do Café, comemorado em 24 de maio, conheça parte das ações desenvolvidas pela Pasta, que beneficia produtores rurais, indústria e consumidores.
Novas cultivares
O desenvolvimento de novas cultivares de plantas ‒ mais produtivas, resistentes a doenças e com características que agradam produtor, indústria e consumidor ‒ é o carro-chefe do trabalho do Instituto Agronômico (IAC), vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Um dos destaques é o desenvolvimento de 70 cultivares de café para o setor de produção. As cultivares IAC Mundo Novo, Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo representam 80% do café arábica produzido no Brasil, aproximadamente.
Além das pesquisas com café do tipo arábica, o IAC, em conjunto com unidade regional da APTA, e a Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) desenvolvem trabalhos com café do tipo robusta para alavancar a cafeicultura em regiões marginais ao café arábica. O objetivo é desenvolver materiais de alta qualidade em São Paulo, que é o maior consumidor, torrefador e solubilizador desse tipo de café do Brasil.
Sanidade
A sanidade do café é uma das preocupações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que desenvolve trabalhos na área com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e o Instituto Biológico (IB-APTA).
Nos laboratórios do IB, em Campinas, são realizados projetos de pesquisa, prestação de serviços de análise nematológica, diagnóstico de pragas e doenças e transferência de tecnologia, por meio de treinamentos especializados. As parcerias com a iniciativa privada são constantes, captando recursos e gerando informações essenciais para o manejo de pragas, doenças e nematoides, por meio de agentes biológicos, inimigos naturais e produtos químicos. Além disso, o Instituto realiza trabalhos de transferência de tecnologia para todo o setor de produção e dá suporte junto a outros órgãos da SAA, na elaboração de legislação que protege a cadeia de produção com relação às principais ameaças fitossanitárias.
Os trabalhos do IB envolvem a identificação de espécies de nematoides e avaliação da resistência de cafeeiros aos nematoides das galhas e das lesões radiculares, que têm ocorrência frequente nos cafezais paulistas e brasileiros. Essa ação é desenvolvida em conjunto com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária, que faz a certificação de viveiros de mudas de café em São Paulo, para evitar que sejam disponibilizadas ao setor de produção mudas contaminadas com nematoides. O Estado possui 74 viveiros certificados pela Defesa Agropecuária. Em 2018, a Secretaria de Agricultura publicou uma resolução relacionada à produção de mudas isentas de plantas invasoras e de nematoides do gênero Meloidogyne spp. e das espécies Pratylenchus jaehni e Pratylenchus coffeae. A legislação, que é referência brasileira, prevê que, a partir de 2022, não sejam mais comercializadas mudas de café com solo no substrato.
Ainda em sanidade do café, o IB desenvolve diagnósticos de doenças do cafeeiro, com destaque para a mancha aureolada, que se tornou relevante nos últimos anos no Brasil. O IB tem ainda atuação relevante no diagnóstico e manejo das espécies de ácaros encontradas em cafeeiros.
Apoio aos cafeicultores
O trabalho de extensão rural desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, executado pela CDRS, tem papel fundamental no apoio aos cafeicultores paulistas, principalmente nas pequenas propriedades, e na consolidação de suas organizações, atuando de forma estreita com a pesquisa científica, também desenvolvida pela pasta.
“Nesse contexto, a Secretaria realiza um trabalho de capacitação, difusão de conhecimento, novas tecnologias de produção e Boas Práticas Agropecuárias e de gestão, por meio da realização de Dias de Campo, seminários, palestras, cursos, implementação de Unidades Demonstrativas de Tecnologia, entre outros, levando em consideração as características regionais e as necessidades dos produtores, atuando de forma local, mas pensando de forma global”, ressalta José Luiz Fontes, coordenador da CDRS, acrescentando que as ações extensionistas têm sido desenvolvidas de forma ampla.
Os técnicos extensionistas têm papel importante para a melhoria da qualidade do café paulista, orientando quanto ao momento ideal de se iniciar a colheita dos grãos e o processamento do café no terreiro. Em Franca, uma das mais tradicionais regiões produtoras de café em São Paulo, a CDRS auxiliou na transferência de tecnologias atualmente consolidadas como o manejo de mato, poda e redução de espaçamento, ações com grande impacto na produtividade e qualidade do café. Hoje, há projeto em conjunto com o IB para Manejo Integrado de Pragas (MIP), visando à redução no uso de defensivos agrícolas.
Outro destaque foi o projeto Microbacias II, executado pela Secretaria de Agricultura, por meio da CDRS, que beneficiou 22 organizações rurais da cadeia produtiva do café, sendo 18 associações e quatro cooperativas que, além de agregação de valor à produção, tiveram uma maior inserção no mercado, em um investimento total de R$ 16,4 milhões, dos quais R$ 11,5 milhões foram apoiados com recursos do Projeto. Diretamente, foram beneficiadas 530 famílias rurais, mas o número de beneficiados indiretos é muito maior, pois alcança população de cidades inteiras, gerando impacto na economia local e regional.
Inovação e qualidade
Ao longo de sua história, o Instituto de Tecnologia dos Alimentos (ITAL-APTA) tem atuado para garantir a qualidade do café brasileiro. Exemplo é o estabelecimento de norma técnica para fixação de identidade e qualidade da bebida de café torrado em grão e moído para a classificação em gourmet, superior e tradicional. O trabalho foi feito em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé-SP), o Laboratório Carvalhaes e diversas empresas.
Além de verificar a pureza do café, como laboratório credenciado da Abic, o ITAL realiza outras análises microscópicas, como a detecção de matérias estranhas e, desde o fim da década de 1990, desenvolve estudos relacionados à prevenção da contaminação do café, do pé até a bebida, por ocratoxina A, composto tóxico produzido por algumas espécies de fungos. Tais estudos levaram ao estabelecimento de resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que controla os limites de micotoxinas em alimentos.
Também são importantes os ensaios relacionados a embalagens de café e o desenvolvimento de novos processos e produtos, como os preparados para bebidas instantâneas com café, cappuccino, bolos, biscoitos, chocolates, recheios, barras de cereais, balas e o inusitado Cafessaí.
A parceria entre o ITAL e o IAC permitiu a evolução das regiões cafeeiras do Estado. Como exemplo, houve pesquisa para obtenção de indicadores ambientais da produção de café arábica, a partir da metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), via Programa Pesquisa Café. Outro trabalho conjunto foi a determinação da influência das mudanças climáticas nos sólidos solúveis em resíduos da produção, com utilização desses em novos produtos.
(Fonte:Assessoria de imprensa)